segunda-feira, 7 de julho de 2014

Passo de Santa Vitória- Bom Jesus


O Passo de Santa Vitória, no Rio Pelotas, foi importante passagem entre o Rio Grande do Sul e Santa Catarina , localizado em Bom Jesus ( antigamente fazia parte dos campos de Vacaria) , onde foi instalado um registro para cobrança do quinto (imposto) devido à Coroa pela passagem do gado. Foi criado em 1772 e utilizado desde muito antes pelos tropeiros que negociavam com tropas de mulas, cavalos e gado vindos do sul em direção à Curitiba, São Paulo e Minas Gerais.
A passagem das tropas atravessando o rio Pelotas era necessária desde que começou a se utilizar o caminho dos Conventos, que ligava o litoral sul de Santa Catarina ao planalto serrano, a partir do Rio Araranguá, cortando a serra gaúcha no extremo leste, seguindo a borda da serra até a região de Lages e daí chegando ao caminho já existente até Curitiba, (caminho este que fazia a ligação dos campos de Curitiba e descia até o litoral catarinense, até Laguna). Esse primeiro caminho foi iniciado em 1728, por Francisco de Souza Faria e foi concluído precariamente, devido às dificuldades encontradas para transpor várias barreiras, rios e pântanos da Serra Geral. 
Cristóvão Pereira de Abreu , em fins de 1731 chegou ao local com uma tropa e sem ter certeza de que o caminho estivesse bem concluído, foi examiná-lo e viu que precisava de reparos. Depois de desistir do uso da estrada ,pela incerteza da passagem com as tropas, foi pedir recursos e ajuda ao governador em Santos, retornou e partiu de Araranguá com mais de 60 pessoas e um piloto, e autorizou a passagem das várias tropas de animais que estavam aguardando, que no total somavam mais de 3000 animais, e, em seguida , ao perceber que o caminho aberto por Francisco de Souza e Faria penetrava muito na serra, resolveu melhorar o itinerário levando nesta ação 13 meses.

Fonte- Notícia- 3ª prática – Cristóvão Pereira de Abreu- RIHGB-Tomo 59- 1908, -pg 256,257.


Abaixo, material da Página do Gaúcho e vídeo com passagem de mulas no Rio Pelotas, local do Passo de Santa Vitória.

O Caminho das Tropas
Bom Jesus guarda marco da epopéia 
Uma equipe de arqueólogos e estudantes da UFRGS procura mais vestígios do Registro de Santa Vitória, no distrito de Casa Branca, à margem do Rio Pelotas, onde a Coroa Portuguesa cobrava tributos das tropas
MATHEUS FONTELLA
Pioneiro/Bom Jesus
Irmãos: Edmundo (de chapéu escuro), 86 anos, e José Carlos Jacoby, 88, são integrantes de uma das últimas gerações de tropeiros que atuaram nos Campos de Cima da Serra (foto Roni Rigon, Pioneiro/Agência RBS)
        O município de Bom Jesus guarda um marco da epopéia dos tropeiros. Ao seguir pelos Campos de Cima da Serra em direção ao sul de Santa Catarina, os cavaleiros tinham de passar pelo Registro de Santa Vitória, também chamado de Passo da Guarda. Ali a Coroa Portuguesa arrecadava tributos das tropas. Era como se fosse um antepassado dos atuais postos de fiscalização instalados em rodovias asfaltadas. O Caminho das Tropas era pontuado por essas barreiras do erário. A de Bom Jesus se localizava no distrito de Casa Branca, à margem do Rio Pelotas, onde hoje pode ser apreciada como um tesouro arqueológico do período áureo do tropeirismo, compreendido entre a segunda metade do século 18 e a primeira do 19. Ainda é caminho obrigatório de passagem para cavaleiros da região mais fria do país em trânsito para cidades como Lages (SC).
        – No inverno passado, na época da Festa do Pinhão em Lages, atravessamos o rio a cavalo. Quase derretemos de frio – recorda o motorista e laçador João Carlos Kramer, 43 anos, desde os cinco acostumado a passar pelo outrora Rio Grande do Inferno.
        No mês passado, uma equipe de arqueólogos e de estudantes do Departamento de História da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) fez escavações em busca de objetos da época de operação do posto – entre 1772 e meados do século seguinte. O trabalho deve ser retomado daqui a alguns meses e tem cronograma de dois anos.
        – Queremos descobrir os antigos caminhos de tropas, dentro do projeto Povoamento dos Campos de Cima da Serra. Além do registro, há os mangueirões em São José dos Ausentes (município vizinho). Encontramos vidros, louças, pregos e marcas de um possível incêndio. Havia uma camada de carvão, mas não sabemos ainda datar isso – revela a arqueóloga e professora Lisete Dias de Oliveira.
        O universo tratado pelos pesquisadores é um mundo familiar aos irmãos José Carlos, 88 anos, e Edmundo Jacoby, 86 anos, integrantes de uma das últimas gerações de tropeiros. Na primeira metade do século, eles estavam entre as centenas de homens habituados a cruzar a cavalo os Campos de Cima da Serra, partindo de Bom Jesus, para levar e trazer alimentos e animais entre a região e os municípios de Caxias do Sul e Taquara e o sul catarinense.
        Os dois conservam a lucidez e o bom humor manifestado entre 1920 e a primeira metade da década de 50. Na remota época, conduziam, mesmo fatigados e sofrendo com o clima frio e chuvoso, tropas para outras cidades da Serra e gado até Timbé do Sul (SC).
        Como lembra Edmundo, durante os três dias e meio de tropeada para chegar a Caxias, nos idos dos anos 20 e 30, pernoitava-se em pousadas de beira de estrada. Próximo delas, havia potreiro de aluguel, com taxa de 200 réis por animal. Ele levava, quatro vezes por verão, queijo, couro e lã até Caxias e, mais tarde, Antônio Prado e voltava com mantimentos como sal e farinha. Quando ia para a serra catarinense, era comum ser o madrinheiro (cavalgava a égua madrinha, na frente da tropa, para regular a marcha) de 20 mulas cargueiras, mais cinco ou seis mulas de revezo (para substituir as cansadas). Trazia no retorno outros produtos raros à época em Bom Jesus, como açúcar, polvilho e rapadura.

        – Pouso era no campo, nas beiras de mato, barraca feita de algodão. Dava um pingo de chuva, batia na gente também. Tropeiro passava mal, dormia mal, comia mal, corria risco de vida atravessando rio cheio – recorda o irmão mais velho, ex-vereador proprietário da Fazenda Capão Alto, a 16 quilômetros da cidade.

Fonte- http://www.paginadogaucho.com.br/hist/sulr-04.htm
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Vídeo
Passagem pelo Passo de Santa Vitória no Rio Pelotas de pequena tropa de mulas. Dá uma  ideia de como era a vida do tropeiro do século XVIII e XIX.

Vídeo postado no youtube por Donisete de Paula Wolff.



quarta-feira, 2 de julho de 2014

Ficha Militar/ GUARDA NACIONAL/ Relação de Conduta


16º Corpo de Cavalaria de Vacaria em 1864 
Ten.Cel.Comandante  do 16º Corpo- João José Dutra

  1. Tenente Coronel João José Dutra, casado, criador, 48 anos, foi qualificado guarda em 1836 , até ser promovido a tenente-coronel em 1858. Filho de José Antônio Dutra
  2. Manoel Silveira de Azevedo, criador, 40 anos, foi qualificado guarda em 1848 e tenente em 1859. Filho de José Silveira de Azevedo. Anotação de José Dutra: “este oficial marchou no 24º Corpo Provisório e não pode cumprir bem sua obrigação por várias vezes se embriagar.”
  3. João Soares de Barros, casado, negociante, 36 anos, foi qualificado guarda em 1838 e tenente em 1861. Filho de Francisco Antonio Romano.
  4. José Luis Teixeira ( Filho), casado, criador, 25 anos, foi qualificado guarda em 1856 e tenente em 1858. Filho de José Luis Teixeira. Anotações da sua ficha: saúde-pouca, préstimo ao serviço- não tem, conduta civil- nenhuma, inteligência- nenhuma, zelo- nenhum. Este oficial marchou no 24º Corpo provisório até a cidade de Pelotas, onde foi dispensado da marcha, por continuamente se achar em estado de embriaguez ( em 1872). ( Bisneto de Antonio Borges Vieira, por descendência materna de João Borges Vieira)
  5. José Ferreira da Cunha, casado, 33 anos, qualificado guarda em 1857. Filho de Manoel Ferreira da Cunha. Alferes-secretário
  6. Custódio Domingues Boeira, casado, criador, 37 anos, qualificado guarda em 1850, alferes em 1857. Filho de Laurindo Domingues Boeira
  7. João Antonio Ferreira, casado, criador, 27 anos, foi qualificado guarda em 1856, alferes em 1857. Filho de Jacinto José Ferreira. Alferes Porta-estandarte
  8. Manoel Bernardino de Lemos, solteiro, negociante, 26 anos, qualificado guarda em 1853 e alferes em 1863. Filho de José Antonio de Lemos .Alferes porta-estandarte
  9. Luis Borges Vieira, casado, fazendeiro, 48 anos, foi qualificado guarda em 1836 e chegou a capitão em 1858. Filho de Francisco Borges Vieira. Comandou, ocasionalmente, o 16º Corpo Provisório. Capitão. ( neto do pioneiro Antonio Borges Vieira, por descendência de Francisco Borges Vieira)
  10. Mâncio Ivo da Fonseca, casado, fazendeiro, 56 anos, capitão em 1858. Filho de Antonio Mâncio de Fonseca. Capitão.
  11. Delfino de Paula Nery, casado, fazendeiro, 48 anos, qualificado guarda em 1835, chegou a capitão em 1857. Filho de Francisco de Paula Nery.
  12. Manoel Batista Pereira Boeno, solteiro, criador, 26 anos, foi qualificado guarda em 1857, chegou a tenente em 1860. Filho de Manoel Pereira Boeno
  13. Antonio Mâncio da Fonseca, casado, criador, 41 anos, foi qualificado guarda em 1850 e promovido capitão em 1865. Filho de Mâncio Ivo da Fonseca. Anotação: este oficial marchou no 24º Corpo Provisório até o Paraguai, em 1870, prestando bons serviços.
  14. Felisberto Telles de Souza, casado, fazendeiro, 52 anos, foi qualificado guarda em 1834 ,promovido a tenente em 1857. Filho de Joaquim Telles de Souza
  15. Israel Antonio da Paixão, casado, criador, 35 anos, foi qualificado guarda em 1850 e chegou a tenente em 1870. Filho de Manoel Antonio da Paixão.
  16. Antonio Alves de Cândia, casado, criador, 50 anos, foi qualificado guarda em 1838, chegou a tenente em 1870. Filho de Francisco de Cândia. Anotação do coronel: “Este oficial tem pouca aptidão e tem deixado de cumprir ordens. É de pouca serventia.”
  17. Antonio de Souza Maia, casado, empregado público, 32 anos, foi qualificado guarda em 1850, chegou a sargento em 1869. Filho de Joaquim Antonio de Souza Maia
  18. Serafim Antonio dos Santos, casado, criador, 29 anos, qualificado guarda em 1856 e sargento em 1859. Filho de Joaquim Antonio dos Santos
  19. Laurindo de Souza Nunes, casado, criador, 26 anos, qualificado guarda em 1858 e 1º sargento em 1861. Filho de Joaquim Antonio de Souza Nunes
  20. Hermógenes Ferreira Borges, casado, criador, qualificado guarda em 1847 e 2º sargento em 1860. Filho de Manoel Ferreira de Souza. (bisneto do pioneiro Antonio Borges Vieira, por descendência materna de João Borges Vieira).
  21. Claro José de Souza, casado, criador, 23 anos, qualificado guarda em 1860 e 2º sargento em 1861. Filho de Inocêncio José de Souza.
  22. José Pereira Boeno, casado, criador, 25 anos, qualificado guarda em 1858 a furriel em 1861. Filho de José Pereira Boeno
  23. Barnabé Nunes Moreira (Ribas) casado, criador, 27 anos, natural de São Paulo, foi qualificado guarda em 1855, chegou a alferes em 1870. Filho de Américo Moreira.
  24. Manoel Joaquim de Castilho, casado, criador, 39 anos, (nat de São Paulo), qualificado guarda em 1850, 2º sargento em 1857. Filho de Antonio Mateus de Lima
  25. Pedro Francisco de Souza Medeiros, casado, ourives, 36 anos, nat de Laguna, qualificado guarda em 1857 e 2º sargento em 1860. Filho de Constantino Francisco de Medeiros
  26. Manoel Pereira da Fonseca, casado, criador, 27 anos, foi qualificado guarda em 1855 e furriel em 1857. Filho de Mâncio Ivo da Fonseca
  27. Joaquim Caetano de Souza, casado, criador, 30 anos, qualificado guarda em 1857 e 2º sargento em 1860. Filho de Felisberto Telles de Souza
  28. Hermenegildo de Moraes Borges, casado, criador, 24 anos, qualificado guarda em 1855 e promovido a 2º sargento em 1858. Filho de João Antonio (Camargo) de Moraes. (bisneto de Antonio Borges Vieira, por descendência materna de Francisco Borges Vieira e bisneto de Manoel Rodrigues de Jesus, por descendência materna de Inácia Rodrigues de Jesus)
  29. Zeferino Borges Vieira, casado, criador, 27 anos, foi qualificado guarda em 1856, chegou a alferes em 1865. Filho(natural) de Lúcio Borges Vieira( Inventário Lúcio Borges Vieira-1879, Cartório Órfãos de Vacaria/P-157/ M- 5/ E-119- não consta no livro Rainha do Planalto). Anotação: marchou no 24º Corpo Provisório até o Paraguai, em 1871, onde ficou, no 16º Corpo de Cavalaria ,por necessidade de ausência do Cel comandante. (bisneto de Antonio Borges Vieira, por descendência paterna de Francisco Borges Vieira e bisneto de Manoel Rodrigues de Jesus, por descendência paterna de Inácia Rodrigues de Jesus)
  30. Valeriano de Siqueira Borges, solteiro, criador, 30 anos, foi qualificado guarda em 1855 e chegou a alferes em 1869. Filho de Francisco de Siqueira Nunes. Anotação do coronel: “marchou sob o meu comando( João José Dutra ) até o Paraguai, em 1865 até a conclusão da guerra, prestando bons serviços militares, com conduta militar exemplar.” (anotação de 1872). (bisneto de Antonio Borges Vieira, por descendência materna de Francisco Borges Vieira e bisneto de Manoel Rodrigues de Jesus, por descendência materna de Inácia Rodrigues de Jesus)


Em 1866 , Francisco Xavier da Fonseca foi integrante da Guarda Nacional e escoltou um recruta.

Em 1871, no 16º Corpo de Cavalaria de Vacaria, o comandante era João José Dutra e os soldados, além dos anteriores, eram:

31-João Theodoro de Souza Duarte, solteiro, criador, 24 anos, qualificado guarda em 1867. Filho de Theodoro de Souza Duarte.(bisneto de Antonio Borges Vieira, por descendência materna de Francisco Borges Vieira e bisneto de Manoel Rodrigues de Jesus, por descendência materna de Inácia Rodrigues de Jesus e por descendência paterna de Maria Rodrigues de Jesus).
  1. Theodoro de Souza Duarte Jr, casado, criador, 34 anos, qualificado guarda em 1857, alferes porta-estandarte em 1870. Filho de Theodoro de Souza Duarte.(bisneto de Antonio Borges Vieira, por descendência materna de Francisco Borges Vieira e bisneto de Manoel Rodrigues de Jesus, por descendência materna de Inácia Rodrigues de Jesus e por descendência paterna de Maria Rodrigues de Jesus).
  2. Salustiano de Lima Pereira, casado, criador, 30 anos, qualificado a guarda em 1862. Filho de Manoel de Souza Pereira. Anotações da ficha: Não apresenta préstimo no serviço, inteligência- nenhuma, zelo- pouco, instrução para arma-nenhuma.
  3. Felisberto Telles de Souza, casado, fazendeiro, 59 anos, qualificado a guarda em 1834 e promovido a capitão em 1866. Filho de Joaquim Telles de Souza
  4. Antonio Luis Teixeira, casado, fazendeiro, 43 anos, foi qualificado guarda em 1847 e promovido a capitão em 1857. Anotação: “sabe ler e escrever bem; tornou-se muito moroso na execução das ordens, por isso de pouca vantagem na execução dos seus serviços.” Filho de José Luis Teixeira. ( Bisneto de Antonio Borges Vieira, por descendência materna de João Borges Vieira)
  5. Francisco Subtil das Dores, casado, criador, 49 anos, qualificado guarda em 1850 e promovido a tenente em 1858. Filho de Marcolino Subtil das Dores.
  6. Paulino Antonio Alves, casado, criador, 31 anos, qualificado guarda em 1860, nomeado alferes em 1866. Filho de Damázio José Paim. Anotação: “ marchou até o Paraguai com o 24º Corpo do Destacamento Provisório no ano de 1865, prestando bons serviços, com boa conduta militar.”

Fonte- Arquivo Histórico do RGS